top of page
  • LinkedIn
  • Facebook
  • Instagram

O Brasil diante da era das Cooperativas de Seguros

  • Foto do escritor: Eduardo Dada
    Eduardo Dada
  • há 8 minutos
  • 3 min de leitura
ree

Assim como o cooperativismo de crédito transformou a relação das pessoas com os bancos, o cooperativismo de seguros está prestes a mudar a forma como lidamos com risco, proteção e pertencimento.

O paralelo inevitável com o crédito.


Quando o cooperativismo de crédito surgiu, parecia improvável que pudesse competir com bancos tradicionais.Hoje, representa quase 10% do sistema financeiro nacional, não por ter mais capital, mas por operar sob outra lógica: a de servir ao dono, e não ao cliente.


A mesma virada está prestes a acontecer no setor de seguros.Com a Lei Complementar 213/2025, o Brasil abre caminho para um novo modelo, o das cooperativas de seguros, que traz ao mercado o mesmo princípio que fez o crédito cooperativo prosperar: proximidade, governança compartilhada e ausência de intermediários com interesse próprio.


O modelo bancário versus o modelo cooperativo


A diferença entre bancos e cooperativas de crédito ajuda a ilustrar o que está para acontecer no mundo dos seguros.


De um lado, o sistema financeiro tradicional, baseado em intermediação e retorno ao acionista.


 Do outro, um modelo centrado no usuário, no capital coletivo e na eficiência compartilhada.

Tema

Sistema Tradicional (Bancos/Seguradoras)

Sistema Cooperativo (Crédito/Seguros)

Origem do capital

Acionistas e investidores externos

Próprios usuários, via integralização de capital

Intermediação

Corretores e agentes financeiros atuam com comissão

Colaborador atende o dono (cooperado), sem conflito de interesse

Objetivo central

Lucro sobre operação e intermediação

Eficiência e benefício coletivo do grupo

Governança

Controle hierárquico e voto por capital

Gestão democrática e voto igualitário

Destino dos resultados

Dividendos a acionistas

Sobras redistribuídas aos cooperados

Em um banco ou seguradora, o capital vem de fora, de acionistas que esperam retorno financeiro.Nas cooperativas, o capital vem de dentro, dos próprios usuários, que não buscam lucro, mas sustentabilidade do sistema.


No crédito, isso já é uma realidade consolidada.No seguro, é o que a LC 213 começa a construir: um modelo em que o dono do risco é também dono da instituição.


Associações e PPMs: o paralelo com os consórcios


As associações de proteção veicular e as futuras Proteções Patrimoniais Mutualistas (PPMs) têm um papel relevante, mas diferente do cooperativo.Elas se assemelham mais aos grupos de consórcio do que a uma cooperativa de seguros.


Num consórcio, o grupo se forma por pessoas com o mesmo objetivo, comprar um bem, mas não tem gestão direta sobre os recursos ou as contemplações.Quem administra é a administradora de consórcios, uma empresa privada que cobra taxa de gestão e responde solidariamente pela operação.


Da mesma forma, na PPM, o grupo mutual precisa de uma administradora, responsável técnica e juridicamente por conduzir as operações, precificar, provisionar e representar o coletivo.O grupo existe, mas o poder de decisão não está nas mãos dos participantes, e sim de quem gere o fundo.


É um modelo legítimo, mas não cooperativo, pois o controle e os resultados não pertencem aos usuários, pertencem a quem administra.Ou seja, enquanto o cooperado é dono, o associado é cliente de uma administradora.


O cooperativismo de seguros: o próximo capítulo


As cooperativas de seguros, ao contrário, nascem para colocar o dono no centro da operação.O risco é compartilhado, a gestão é coletiva e a eficiência vem da eliminação de intermediários.Cada cooperado é, ao mesmo tempo, usuário, investidor e fiscal da própria cooperativa.


Assim como as cooperativas de crédito construíram um sistema robusto, com singulares, centrais e confederações, o cooperativismo de seguros começa a trilhar o mesmo caminho.Exemplos como a Unicooper, a Uniseg e a Confseg já mostram que é possível criar uma estrutura que combina escala técnica, governança prudencial e propósito cooperativo.


O cooperativismo de seguros não chega para concorrer com as seguradoras, mas para complementar o mercado, trazendo o olhar de quem protege o que é seu, com eficiência e pertencimento.


De mercado a movimento


O crédito já provou que é possível competir com bancos sendo cooperativa. Agora é hora de o seguro provar que é possível proteger com propósito, sem abrir mão de eficiência.

As cooperativas de seguros representam o retorno à essência do mutualismo, a união de pessoas que decidem assumir juntas a responsabilidade sobre seus riscos.E, como no crédito, quem entender cedo essa lógica não só se protegerá melhor, como ajudará a redefinir o próprio mercado.


O cooperativismo de seguros não nasce como alternativa, nasce como resgate de um princípio: o de que segurança e confiança não se vendem, se constroem.


Eduardo Dada é CEO da Unicooper, chairman da Uniseg e membro do CEOS Club. Atua na estruturação do cooperativismo de seguros no Brasil e na transição do modelo de proteção veicular para o mercado segurador regulado.

bottom of page